Em uma sociedade que tempo é dinheiro e que o trabalho é supervalorizado, não demorou muito para surgirem os workaholics. O vício pelo trabalho e a disputa incansável para ver quem trabalha mais, faz mais e em menor tempo, transformou a todos em máquinas cansáveis para trabalhar. Isso, no entanto, pode ser prejudicial à saúde e acarretar diversos problemas pessoais e profissionais.
Pensando nisso, a seguir, explicaremos o que é workaholic, quais suas principais características e como evitar ser um workaholic.
O que é um workaholic?
Quem nunca ouviu a palavra workaholics ou workaholic? No mundo corporativo, essas palavras são muito utilizadas e, quase sempre, como adjetivos de qualidade. O verdadeiro significado de workaholic, no entanto, pode não ser positivo e, quando pensamos muito bem, um workaholic não é um grande exemplo.
Mas, o que isso significa?
Workaholic significa trabalhador compulsivo, ou seja, uma pessoa que se viciou no trabalho. Isso ocorre porque, na atualidade, o trabalho excessivo passou a ser valorizado, pois criou-se a ideia de que tempo é dinheiro e que para se fazer dinheiro é preciso trabalhar 24 horas por dia e 7 dias por semana. Para muitos, o termo workaholic é um elogio, uma qualidade dos trabalhadores, contudo, o mesmo termo implica que o trabalhador se sente pressionado a ser um trabalhador compulsivo.
Por mais que essa seja a definição mais utilizada para workaholic, não há uma definição médica para um workaholic que seja universalmente aceita. Além disso, muitos não encaram essa compulsão como uma doença, o que dificulta especialistas a chegarem a um consenso sobre os trabalhadores compulsivos.
Além disso, vale ressaltar que os workaholics, ou seja, as pessoas viciadas em trabalho, sempre existiram. Outro ponto que deve ser frisado é que o workaholic não é consequência apenas de um meio de produção capitalista, que visa sempre o lucro. Por mais que o dinheiro seja o principal fator para muitos trabalharem compulsivamente, existem outros fatores que levam a isso. Por exemplo, a disputa entre trabalhadores, a necessidade de provar que é melhor e que faz melhor que os outros.
O maior exemplo disso é o movimento stakhanovismo, que surgiu na União Soviética em 1935 e pregava o aumento da produtividade dos trabalhadores. O precursor da ideia foi Aleksiéi Stakhánov, que superou em 14 vezes a meta diária de extração de carvão. A partir de então, muitos russos começaram a trabalhar ferozmente, com o intuito de superar metas.
5 características dos workaholics
Conheça as 5 principais características de um workaholic:
1. O trabalho é a vida do workaholic
A principal característica de um workaholic é ser o primeiro a chegar na empresa e o último a sair. Para ele existe apenas o trabalho e nada mais. Essas pessoas, muitas vezes, trabalham mais de 12 horas por dia e esquecem que a organização de sua vida profissional e privada é fundamental.
2. Uma péssima alimentação
Além de esquecer a organização de seu dia, ou seja, dividir seu tempo entre as tarefas pessoais e do trabalho, o workaholic deixa de reservar um momento para comer. O workaholic constantemente não almoça, pois utilizam esse horário para trabalhar mais. Além disso, quando comem, optam por lanches rápidos e fáceis de comer no escritório. À noite, também costumam não jantar, pois levam trabalho para casa. Essa costuma ser a rotina de um workaholic.
3. Estresse
Um workaholic está sempre estressado, isso porque sua rotina é extremamente estressante. Ele não possui momentos de descanso, pois trabalha mais de 12 horas por dia. Além disso, tem a tendencia de se irritar com seus colegas de trabalho e outras pessoas, que não seguem esse mesmo ritmo.
4. Hobbies e lazer
Um workaholic raramente, ou melhor, nunca tira um momento para seu lazer ou possui algum hobbie. Isso porque ele não possui uma noção de organização entre sua vida pessoal e seu trabalho. Na verdade, o workaholic acredita que o trabalho é seu hobbie, seu lazer, é isso que ele faz da vida e é essa sua prioridade.
5. Apenas um assunto em sua vida
O workaholic pensa no trabalho 24 horas por dia e 7 dias por semana. Ele não possui momentos de descanso, não existe algo que prenda sua atenção além de suas tarefas profissionais, sendo assim, o workaholic só pensa e fala sobre trabalho. O workaholic confere os e-mails a cada minuto, não passa tempo com sua família e quando passa está pensando no que precisa fazer em seu trabalho.
Sendo assim, uma pessoa que apresente essas características básicas de um workaholic pode estar sofrendo desse vício. Ser um workaholic não é apenas negativo, um workaholic se destaca em seu trabalho, ele é bom em sua profissão e, constantemente, são elogiados e premiados. Essas mesmas pessoas, no entanto, não possuem uma vida saudável, isso porque não entendem que a organização de sua vida pessoal e profissional é fundamental. Além disso, são propensas a desenvolver doenças como ansiedade e depressão.
Mesmo com isso, nossa sociedade continua a incentivar o workaholic e enxergar essa compulsão como algo extremamente positivo.
Mas, afinal, por que enaltecemos um workaholic?
O enaltecimento do workaholic é um fenômeno histórico, que surgiu em países ocidentais, mas especificamente em uma Europa protestante. O calvinismo, por exemplo, incentivava seus fiéis a enriquecer, pois João Calvino afirmava que o trabalho enobrece o homem, que Deus deu a cada um sua vocação e que o objetivo era a glorificação de cada homem. Então, o homem que desejasse lucro buscava por sua vocação e trabalhava para isso.
Em seguida, a Revolução Industrial serviu como fator de incentivo ao trabalho. A produtividade era valorizada e incentivada, além de o trabalho árduo ser um símbolo de dignidade do homem, sendo assim, aquele que trabalhasse muito iria obter resultados. O lucro se tornou o principal objetivo do homem, que passou a fazer de tudo para obtê-lo.
Em seguida, Margaret Thatcher, ex-primeira-ministra do Reino Unido, e Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos, passaram a incentivar o trabalho duro em escritórios. Valorizavam as longas horas de trabalho e se tornaram exemplo para o mundo. A ideia de trabalho árduo se tornou popular em todo o mundo e em diversas culturas é possível observar esses reflexos. Grandes exemplos: Japão na década de 1950, no pós Guerra, a União Soviética, a Liga Árabe e o Vale do Silício nos Estados Unidos.
Década de 90
A partir da década de 1990, o workaholic ganhou uma nova aparência. Ele abandonou o terno e os escritórios e, agora, ele está em casa, 24 horas por dia, trabalhando com programação e criando empresas on-line. Os maiores exemplos são Larry Page, Sergey Brin, que transformaram sua pequena startup em uma das ferramentas de busca mais popular no mundo, o Google; e Mark Zuckerberg, que criou uma das redes sociais mais conhecidas – que atualmente é detentora de inúmeras outras – o Facebook.
Sendo assim, todos esses incentivos, essas histórias de sucesso, são utilizados como combustível para os trabalhadores acreditarem na ideia de que o workaholic é um símbolo de vitória e conquista. Desde a década de 1970, contudo, uma nova imagem desse trabalhador compulsivo, o workaholic, vem sendo exposta: a imagem de uma pessoa doente. O burnout é uma das doenças do século XXI, ela consiste no esgotamento profissional, uma estafa do trabalho. A partir disso, as pessoas começaram a entender que além da glória, o workaholic possui um lado negativo, que sem organização o leva ao seu limite.
Como organizar seu tempo e não viver apenas para o trabalho
Todos precisamos trabalhar, pois, é a partir do trabalho que temos o nosso sustento, que ganhamos dinheiro. É preciso compreender, contudo, é preciso organização para que não se viva apenas no trabalho, para que tenha folga, um momento de olhar e cuidar de sua vida privada. Por isso, organizar seu dia e sua semana podem colaborar para que você separe uma coisa outra.
1. Planejamento
O primeiro passo para a organização de sua rotina é planejar tudo antecipadamente. Anote tudo o que precisa fazer, como uma pequena lista de tarefas. Pense no que precisa fazer fora do trabalho, o que precisa fazer nele e pense quanto tempo tem para cada uma das tarefas. Então, se você trabalha 8 horas, é preciso organizar seu trabalho em 8 horas. O que não terminar no dia, deixe para a manhã seguinte, pense que sua casa é um local de descanso e não de trabalho.
2. Prazo
Em seguida, é preciso trabalhar com prazos e expectativas reais. Se um trabalho demora 5 dias para ser feito, não tente fazer em dois. Termine nos 5 dias que possui, faça com calma e respeite seu momento de descanso. Além disso, delegue funções a outras pessoas, você não precisa fazer tudo sozinho. Seja em seu trabalho ou em sua vida pessoal, o workaholic precisa pedir ajuda, pois se não ficará sobrecarregado e não terá organização em seu dia.
3. Execução
O terceiro ponto é realizar uma tarefa de cada vez. Inicie e finalize algo, não tente fazer várias coisas ao mesmo tempo. Quando se foca em algo, se faz aquilo com qualidade. Esse ponto vale para seu trabalho e para sua vida pessoal. Por exemplo, se você está passeando com sua família, não responda um e-mail, se concentre apenas no que está fazendo com ele.
O mais importante é compreender que cada coisa possui seu tempo, se o dia possui 24 horas e você trabalho 8 horas, por exemplo, não use as horas restantes para o trabalho. Nesse momento, faça o seu lazer, leia um livro, pratique um esporte ou simplesmente descanse.
Quando determinamos horários em nossa vida, conseguimos o principal: a organização entre vida pessoal e trabalho. Os workaholics possuem uma cura, ela vem a partir da organização, de uma mudança de hábitos e, se necessário, uma terapia.
Enfim, agora que você já sabe que ser um workaholic pode atrapalhar muito a sua vida e a sua saúde mental e física, está na hora de organizar a sua vida. Não perca tempo e confira o que a Organize na Prática pode fazer por você.
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